O pastor e teólogo John Piper, conhecido por sua longa trajetória na Igreja Batista de Belém e como chanceler do Bethlehem College and Seminary, refletiu recentemente sobre o processo de discernimento espiritual que orienta suas decisões sobre o que pregar em cada ocasião — especialmente em contextos específicos, como palestras e cultos realizados em presídios.

Em um episódio do podcast Ask Pastor John, Piper respondeu a uma pergunta frequente de seus ouvintes sobre como escolhe o tema e a passagem bíblica para suas mensagens. Segundo o pastor, a base para qualquer sermão está na “vontade de Deus”, que ele descreveu como “a aplicação espiritualmente discernida da mente de Cristo a uma situação particular”.

“Não é apenas racional; é mais do que racional”, explicou Piper. “Pode realmente importar, por razões espirituais, qual camisa você veste hoje — normalmente não importa, mas pode importar. Pode importar também onde você estaciona sua bicicleta. Há mil pequenas coisas que podem tornar uma decisão melhor do que outra.”

Citando Colossenses 1:9 — “Não cessamos de orar por vocês, pedindo que sejam cheios do conhecimento da vontade de Deus, em toda a sabedoria e entendimento espiritual” — o pastor ressaltou que não há instruções diretas nas Escrituras sobre os detalhes práticos de um sermão. “A Bíblia não me diz qual texto escolher, quais ilustrações usar ou qual tom adotar”, afirmou. “Essas decisões dependem de sabedoria, sensibilidade e comunhão com Deus.”

Piper acrescentou que a elaboração de um sermão envolve tanto razão quanto intuição espiritual: “A sabedoria, conforme tento aplicá-la, é permeada pelas influências do coração e não apenas pela mente tentando entender o texto.” Ele reconheceu que boa parte do processo está fora de seu controle e que seria presunçoso afirmar que faz suas escolhas apenas por sabedoria humana.

Para ilustrar o ponto, Piper relatou uma experiência em que pregou para cerca de 120 detentos em uma prisão no estado de Minnesota. Ele preparou a mensagem na manhã do mesmo dia e descreveu como “inclinações subjetivas se misturaram com o pensamento racional” durante o processo de escolha do texto. “A pura praticidade também influenciava a dinâmica espiritual daquele momento”, observou.

Apesar de a preparação ter ocorrido em poucas horas, o pastor destacou que o preparo essencial foi espiritual e anterior. “Durante dias, eu estive orando e suplicando ao Senhor que me mostrasse qual Escritura e qual abordagem seriam mais eficazes para a salvação e para o fortalecimento da fé”, contou.