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Evangelho precisa ser pregado sem diluição, diz evangelista

3 DE NOVEMBRO DE 2025

O evangelista Ben Jack afirmou que a Igreja precisa estar disposta a entrar em ambientes considerados difíceis ou “sombrios” para compartilhar as Boas Novas de Jesus Cristo, desde que não comprometa a mensagem central do Evangelho. A declaração foi feita durante participação na Assembleia Geral da Aliança Evangélica Mundial (WEA), realizada entre 27 e 31 de outubro, com o tema “O Evangelho para Todos até 2033”.

Jack atua como evangelista há 26 anos e hoje trabalha com a organização The Message Trust, no Reino Unido. Ex-DJ, ele relatou que decidiu assumir essa função de forma intencional, com o objetivo de ser missionário em boates e bares britânicos. Segundo explicou, sua motivação não era seguir uma carreira na música, mas usar esse espaço para anunciar o Evangelho por meio de palavras e atitudes.

Ao descrever sua experiência, Ben Jack relatou que atuou em ambientes frequentados por pessoas que “buscavam uma fuga da realidade em uma sexta-feira à noite, depois de uma semana difícil, porque a realidade é difícil para muita gente”. Nessas ocasiões, sua mensagem central era apresentar não uma fuga, mas o convite para “encontrar a melhor realidade possível” em Jesus Cristo.

Ele afirmou que os anos de trabalho em boates lhe ensinaram duas lições importantes sobre evangelismo em contextos culturais desafiadores. A primeira é que os cristãos que desejam ir a esses “lugares sombrios” precisam ter clareza sobre aquilo em que creem, para influenciar a cultura, e não serem moldados por ela. “Se não conhecermos o Evangelho de forma profunda, rica e, acima de tudo, quando formos ao mundo para interagir culturalmente, será a cultura que nos evangelizará, e não o contrário”, disse.

Jack observou que muitos cristãos bem-intencionados procuram usar elementos da cultura como ponto de contato para o Evangelho, mas alertou que, com o tempo, essa estratégia pode levar à diluição da mensagem bíblica. “Há muitas pessoas bem-intencionadas que procuram usar os elementos da cultura como porta de entrada para o Evangelho, mas, com o tempo, a boa intenção de impactar e alcançar pessoas no espaço cultural começa a corroer a integridade do Evangelho”, afirmou.

O evangelista ressaltou que é fácil começar a alterar o Evangelho na tentativa de alcançar mais pessoas. Ele lembrou aos delegados da WEA que qualquer mensagem que não seja o Evangelho bíblico não oferece ao mundo o que ele realmente necessita. Atender necessidades práticas, destacou, não deve significar deixar de falar claramente sobre arrependimento, fé em Cristo e salvação.

“Antes que percebamos, fazemos aquilo contra o qual Paulo nos advertiu em Gálatas, ou acrescentamos algo ao Evangelho que não deveria estar lá, ou, mais provavelmente, retiramos algo do Evangelho e o transformamos em nada — e não há sentido em não haver Evangelho algum”, afirmou, em referência ao alerta de Gálatas 1 sobre “outro evangelho”.

Para Jack, o mundo já está repleto de mensagens e ideologias que prometem salvação ou realização, mas apenas uma é verdadeira. “O mundo tem um bilhão e um evangelhos que acredita que irão salvá-lo, mas só existe um Evangelho verdadeiro — o Evangelho de Jesus Cristo”, declarou. Ele desafiou os cristãos a refletirem sobre o quanto realmente confiam que o Evangelho de Jesus Cristo é suficiente, e, a partir dessa convicção, pensarem em como usar a cultura de maneira fiel à mensagem bíblica.

A segunda lição que Ben Jack disse ter aprendido como missionário em casas noturnas é que, embora a tradição seja importante, ela “não é definitiva”, especialmente quando impede os cristãos de ir a contextos considerados “profanos” para alcançar pessoas afastadas da fé.

“Se ficarmos presos demais às nossas maneiras tradicionais de fazer as coisas, nunca iremos a casas noturnas porque pensaremos: ‘Não, não, não devemos fazer isso, não podemos fazer isso, nossa tradição dita que esse não é um lugar para irmos e sermos quem somos’”, afirmou.

Ele argumentou que, se a meta é levar as Boas Novas “a todos até 2033”, os cristãos precisam fazer dois movimentos: “Precisamos garantir que o Evangelho seja aquilo a que nos dedicamos acima de tudo — que o conheçamos, o vivamos, o respiremos e demos glória Àquele a quem tudo se resume”. Em seguida, acrescentou que é necessário reavaliar tradições que possam impedir a missão.

“E em segundo lugar, que façamos perguntas cuidadosas sobre as nossas tradições, porque queremos estar suficientemente enraizados nelas para não sermos levados pelo espírito da época — que tenhamos uma âncora, um alicerce firme — mas que não estejamos tão presos a tradições que são alheias aos princípios do próprio Evangelho, a ponto de deixarmos de ser fiéis às oportunidades que Deus nos oferece”, disse.

Jack concluiu incentivando os cristãos a abrirem mão do egoísmo e da zona de conforto para obedecer ao chamado missionário em contextos desafiadores. “Se conseguíssemos deixar de lado um pouco o nosso egoísmo, poderíamos fazer algumas coisas que, de outra forma, não teríamos vontade de fazer”, afirmou.